segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Reabilitação

É um vício. Só pode.
Quando estamos juntos, simplesmente não existe mundo. Não existe o "lá fora", não exite o antes, não existe o depois, não existe ninguém. Só o que percebo é uma vibração no peito que é quase uma angústia. Vira angústia por ser novo, por eu não conhecer as causas e os efeitos, e principalmente, por não saber me livrar disso.
O controle não é mais meu. E isso me apavora.
Depois, vem a abstinência. Quanto maior o tempo longe, mais os efeitos tornam-se claros. A cabeça parece estar distante, fico distraído, confuso, alheio a tudo. O efeito no peito é diferente. É outro tipo de angústia, quase uma dor. O coração pesa no peito, parece querer sair pela boca e correr sem parar. Eu tento domá-lo, mas falho como uma criança que corre achando que um dia vai alcançar os pombos no meio da praça.
Nessa hora, o que me apavora é o fato de que finalmente aceito a dependência.
Quando aceito, não sei dizer se me sinto aliviado por entender ou desesperado por não querer.
Não querer querer. Entende?!
Aí, espero o tempo passar pra ver se melhora. Finjo que o vício não está lá. Que sou mais forte que isso.
Obviamente é tudo em vão.
Sempre volta pra minha cabeça. Entra sem bater. E não sai quando é mandada embora.
Só vai embora quando tenho de novo. E quando tenho, quero ter mais. E com intervalos mais curtos.

Cheguei a um ponto que reabilitação nenhuma vai me curar.
Não há remédio pra mim.

Então não pense em ir embora.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Medo pt. 3

É medo de ter medo.
Ao se amedrontar, não age como deveria agir.
Ao não agir como deveria, causa consequências que não queria.
Ao não querer as consequências, desiste.
Ao desistir, se arrepende.
Ao se arrepender, toma todas as doses de orgulho que aguenta e foge pra esquecer
Ao não esquecer, se afoga em algo que finge fazer bem
Ao fingir mal, desiste de novo
E deixa pra lá

Se deixasse sempre pra lá, não precisaria ter medo.

Que tal não ter medo dessa vez?

sábado, 4 de dezembro de 2010

As notas

A música pulsa a toda velocidade.
Invade, domina e implora para ser vista.
Não quer ser podada, não quer ser domada, não quer ser domesticada.
Quer apenas ser.
E quer estar.

As notas imploram pela melodia.
A melodia implora pela harmonia.

E eu, só quero ver sendo feito.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A ordem

Dezembro é, definitvamente, o mês mais maluco do ano.
De todos os anos.
2007 vinha sendo um ano perfeito e dezembro o destruiu completamente.
2008 estava complicadíssimo e dezembro o salvou como jamais imaginei ser possível.
2009 talvez tenha sido o melhor ano da minha vida e dezembro o tornou cinza.
2010 foi com certeza o pior.
Se a ordem continuar, terei um mês intenso.
E, espero, um ótimo 2011.
Pelo menos até novembro.

O que era e o que fosse

Eu apenas escolhi errado.
Se fosse um jogo, eu teria me equivocado nas fichas ou nos números.
Se fosse um esporte, eu não teria sido campeão.
Se fosse música, eu não teria feito sucesso.
Como foi você, apenas não foi.
Se fosse um verso, o verbo não teria sido conjugado corretamente.
Se fosse prosa, a história ficaria sem final.
Se fosse um lado, seria contramão.
Nossa rua era sem saída.
E não podíamos voltar atrás.
Se fosse uma prova, reprovaria.
Se fosse trabalho, fracassaria.
Se fosse corrida, não chegaria.
Era você, e nenhum de nós chegou.
Nenhum de nós conseguiu.
Depois de todos os pontos, todas as conversas.
Depois de todas as brigas, as decepções.
Depois de todos os meses, as estações.
Despois de tudo, não sobrou nada.

Era você, mas a gente não continuou.