sábado, 28 de maio de 2011

Negativa

Não precisamos de vírgulas.
Não precisamos de poréns, de talvez, de quem sabe.
Ou é, ou não é.
Se for, que seja com todas as forças que puder.
Se não for, que não seja absolutamente nada.
Mas o meio termo não me agrada.
Não sei viver assim.
Não aceito a metade.
Não aceito o quase.
Nós somos muito mais do que o quase.
E podemos ser muito mais que um pedaço.
Eu quero o todo de todas as metades.
E então, se não for o que quisermos,
Que fiquemos com o todo do que foi.

O "foi" é sempre melhor do que o "poderia ter sido".

terça-feira, 12 de abril de 2011

Logo ali

Não, eu não deixei de sonhar.
A diferença é que agora eu não preciso mais fechar os olhos pra ver o que eu quero.
Entre lucro, prejuízo, sorte, azar, vitória, derrota, eu sou a soma de tudo. O que é bom, o que é ruim, o que é fácil, o que é difícil, o que é muito difícil, o quase impossível e o que eu não chego jamais. Fica tudo ali, flutuando em volta.
E eu vou caminhando olhando pra tudo. Cada pedaço que eu ainda não tinha reparado, a distância que parece mais curta a cada vez que é percorrida, como essa mesma distância parece bem mais longa se ficar um tempo sem percorrer, como o mato cresce e toma conta da estrada, como as fachadas vão mudando de cor com o passar do tempo... como todas as coisas, apesar de todas as coisas que acontecem, ainda estão lá. E como estar lá é o que realmente importa.
O que importa, por mais que mude, não acaba.
E o que não acaba é o que me diz de verdade quem eu sou.
De tudo que foi embora, de tudo que mal chegou, o que está aqui é mais do que eu vejo, mas não é mais do que eu sinto.
E quando o que se sente não se explica, não importa a forma que tenha tomado ou o tamanho que tenha ocupado, é de verdade.
Não faz diferença se são verdades diferentes.
Não faz mal se os conceitos não são aplicados como a teoria manda.
Não tem problema os passos não vão no mesmo ritmo.
Está tudo ali.
E é tudo verdade.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Sem pressa

Eu já compliquei demais.
Coloquei barreiras mais altas do que precisavam ser, só pra ver se conseguia passar sobre elas.
E todas essas barreiras foram inúteis.
Já que era pra passar, era muito mais fácil ter ido reto, direto.
Depois de um tempo, vi o quanto era perda de tempo complicar as coisas simples.
E aprendi que não adianta querer controlar tudo. Certas coisas simplesmente acontecem ou deixam de acontecer independentemente da sua vontade.
Então comecei a deixar rolar.
Demorei, pastei, errei, mas aprendi.
E diminuí o ritmo.
Desacelerei pra ver melhor o caminho.
E vendo melhor o caminho, entendi melhor uma porção de coisas.
E cada vez que olho, vejo as milhares de milhas que ainda não percorri.
E o quanto eu ainda não entendo delas.
E vou indo.
Indo.
Sem pressa.

terça-feira, 15 de março de 2011

Nada

Eu baixei a guarda de propósito.
Fechei o olho e esperei o golpe.
Esperei, esperei...
E nada.
Quando olhei de novo, tudo estava exatamente igual.
O chão não havia ido parar no teto.
As coisas não estavam rodando.
Eu estava no mesmo lugar.
Parado, sem saber pra onde olhar.
Não entendia o que não tinha acontecido.
E era pra ter acontecido alguma coisa.
Era pra ter sentido alguma coisa.
Era, era sim.
Olhei para as palmas das duas mãos.
Nada.
Coloquei a mão sobre o peito pra tentar sentir o coração.
Nada.
Tentei pensar em algo que estivesse fora do lugar.
E nada.
Simplesmente, nada.
Não há nada.
Você não vai encontrar nada aqui.
Nem de bom, nem de ruim.

É só o nada que te faz parecer menos do que é.

E ao invés de dizer a velha frase "não é você, sou eu", vai ser "não é você, é o nada"








E mais nada.

sábado, 5 de março de 2011

Teoria dos defeitos

Quanto mais falo com as pessoas, mais vejo que elas se apaixonam pelas qualidades dos outros, mas só amam alguém pelos defeitos que têm.
Gostar das qualidades de alguém é muito fácil. Muita gente tem um monte. Você pode adorar o jeito que ela fala das coisas que você não entende, pode se admirar com o modo como ele te trata, sentir-se bem com as risadas que vocês dão quando estão juntos... isso é tudo muito fácil.
Difícil é conhecer alguém a fundo, ver todas aquelas pequenas coisas irritantes acontecendo todos os dias e continuar sentindo que tal pessoa é "a certa para a sua vida".
Quando ela não se importa se você ta cansado e mesmo assim quer que vá ao shopping com um sorriso no rosto e sem reclamar, quando ele esquece as datas importantes pela milhonesima vez seguida, quando vocês não estão com paciência por motivos x e acham que a outra pessoa é obrigada a entender... existe uma infinidade de casos diários que esmurram o que você considera amor.
E aí está a graça da coisa.
O quanto o seu amor é forte para aguentar essas porradas diárias?
Quanto o que você sente é capaz de resistir a esses pequenos incômodos que quando se juntam viram um martírio insuportável?
Você tem que medir todos os dias se essa dor que os defeitos alheios te causa é maior ou menor que o amor.
O resultado define se há ou não amor.
E se houver amor, um caminhão de defeitos não é suficiente pra te fazer exitar.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Cada dia

Tem que ser por todos os dias.
E fazendo a cada dia, por todas as horas.
Sem desperdiçar.
Sem jogar fora.
Sem viver pela metade.
Metade de uma vida é muito pouco.
Tem que buscar mais.
Tem que tentar mais.
Tem que ser melhor.
Tem que estar melhor.
Melhor que horas atrás.
Melhor que ontem.
Melhor que anteontem.
Melhor do que estava a alguns anos.
Pra daqui a vários anos poder olhar pra trás e ver o quanto está longe do começo.
E quanta coisa boa está no meio.
O fim?
O fim não depende de nós.
Não é da nossa conta.
Então, não adianta contar o tempo pra chegar.
Não adianta contar as horas pra acabar.
Só precisa se dar conta do que quer.
E querer até não aguentar mais.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Quebra-cabeça.

Eu inventei meu próprio mundo como se fosse um quebra-cabeça.
Nesse jogo, algumas peças não cabem mais.
E não faço mais questão de fazer caber.
Outras são tão importantes que o desenho final jamais ficaria pronto se não estivessem ali.
E essas, por mais que mudem, passem, voltem, saiam, estão sempre como parte fundamental.
Dessas partes, não abro mão.
E é por elas.
Por elas.